O que o anjo disse

“Sabe, eu queria poder dizer a você que isso não vai doer. Queria poder dizer que não haverá momentos de jogar tudo para o alto e correr o mais longe possível de quartos brancos e agulhas.”



Ele me olhou com aqueles olhos brilhantes. Mesmo com tão tenra idade, já entendia as coisas pelas quais teria que passar. Naquela hora, quis levá-lo para longe. Desrespeitar todas as regras a qual eu- um mero anjo- impuseram me sobre minhas asas.
“O que eu posso prometer é que você vai descobrir uma força. Ela vai ser tão grande, mais tão grande que não te deixará cair. Mesmo que esteja cansado e prestes a desistir do caminho, ela te trará de volta.
Você não sabe de onde ela vem, mas sentirá sua presença. E quando você parecer perdido, ou no escuro, seu coração baterá tão forte a ponto de quase escapar de sua boca. E então, haja o que houver, enquanto ele estiver batendo, saberá que tudo ficará bem. É o que eu posso te prometer.”
                - Mas eu saberei de onde ela vem. Vai vir de você. Não sou tão frágil quando pensa. –respondeu o garotinho.
                Sai de lá assim que adormeceu. Cruzei a janela e logo minhas asas conduziram-me para a escuridão da noite. A parte mais viva dos humanos é que eles são capazes de nos surpreender sempre, como a um garotinho de cinco anos que demonstra uma maturidade, sem sequer entender o que esta palavra significa. Agora entendo porque meu Pai ainda não desistiu deles.


 ‎"... eu tinha — e tenho — um monte de coisas pra te dizer, aquelas coisas que a gente cala quando está perto porque acha que as vibrações do corpo bastam, ou por medo, não sei. Mas as coisas todas, externo e interno, eram muito difíceis e escuras,[...] Eu não queria, eu não quero dar trevas, dor, medo, solidão — eu quero dar e ser luz, calor, amparo"

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