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Mostrando postagens de 2016

Writting...

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Era frio, era frio por várias semanas. A neve branca cobria as folhagens verdes que hibernavam a espera do milagre. Na quietude e no silêncio que demorava meses, eis que surge os primeiros raios de luz. As gotas começam a atingir o branco que lentamente torna-se transparente. As primeiras flores desabrocham nos galhos das árvores, era a primavera que despertara após o longo, mas necessário, inverno. No silêncio e na quietude mantém-se a fé, por causa da certeza das respostas que virão no findar-se deste tempo. A passagem é lenta, certamente que sim, mas não é hesitante...

Pedaços

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Em um mundo de dias cinzas, é possível encontrar pedaços coloridos de amor de paz? É possível manter a fé no amor? Esperança? Ouvi de uma escritora da vida que o amor é verbo, não substantivo. Pois o amor requer ação, atitudes. Porém, quantas vezes ficamos? Quantas vezes ficamos e encaramos a verdade? Fugir é mais fácil, bem sei. Mas não resolve, não muda o desafio intacto no caminho. O mundo é caos agora e, por entre prédios destruídos e forças esvaídas, me pergunto onde você está. Antes do fim, é possível unirmos nossos pedaços de amor e paz?  Você pode tomar o amor como verbo, e não apenas deixá-lo como um nome na sarjeta?

l'écriture

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Algumas pessoas escrevem sobre a natureza, Ou sobre a política, Alguns escrevem sobre o movimento dos astros, Números matemáticos, quem sabe... Eu escrevo sobre o coração, Sobre uma linguagem tão simples e complexa ao mesmo tempo. Forte e perfeita como uma tempestade... a linguagem do coração. Eu fecho os olhos e sinto as palavras, as letras encaixando-se como uma dança. Quando escrevo o mundo inteiro silencia como que para ouvir os meus pensamentos, as palavras surgem e nesta valsa de letras a magia acontece. Eu escrevo a linguagem dos pensamentos, sobretudo das palavras não ditas que de teimosas, não surgem por entre os lábios, mas estão ali, Na surdina, na espreita da mente humana. Escrever é minha oração em movimento.

Leveza

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"Fecha os olhos, Se concentra nos movimentos. E quando você abrir os olhos, Não vai mais ser tão difícil." (O pequeno segredo)

Sobre a cerca...

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Era uma vez uma cerca antiga e manchada, onde nela o Sol sempre iluminava antes de se pôr no horizonte. Uma flor vermelha fora deixada sobre a cerca, e vi um cavalo meio manco, meio desajeitado contemplando tristemente a linda flor que repousava sobre a madeira já gasta. Dizem pelas redondezas sobre o quanto o cavalo era solitário e rude, a ninguém deixava se aproximar. Possuía cicatrizes das mais difíceis de curar: são aquelas que flagelam o coração. Todos desconheciam a razão do nobre domador de cavalos o ter comprado, dado o desprezo do animal pelo bicho homem, mas ali estava ele com sua solidão e dor. Mas a vida o fez aproximar-se de uma menina. Uma menina que aos poucos foi aquecendo seu coração selvagem, adoçando os dias naquele pasto com seus pequenos torrões de açúcar nas mãos delicadas. E todos os finais de tarde eu assistia o encontro dos dois, vinha aquele cavalo manco e desajeitado e de bom grado aceitava a pequena recompensa da menina que sorria para ele. Tant

O que você faria senão tivesse medo?

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O que você faria senão tivesse medo? O que faria se soubesse que te restam apenas mais um dia de vida? O caminho sobre o muro não seria mais tão atraente, eu acredito. Não haveriam mais distancias, nem desculpas, certo? Desculpas para ir aquela viagem tão planejada, Aquele abraço que fica sempre para depois, Ou aquele amor que o coração machucado teima em deixá-lo entrar de novo. O que você faria se te restassem só mais algumas páginas do livro da vida? O caminho da dúvida continuaria sendo o mais seguro? Sempre achamos que teremos todo o tempo do mundo, então, das mais variadas formas, descobrimos que o tempo já passou. Há flores vermelhas, brancas e azuis caídas sobre o chão, e o silêncio de alguns livros que se fecharam. Existem muitos que amadurecem depois que perdem, muitos que precisam ver a porta fechada para acordar de que era aquele o caminho, Mas há quem desperte faltando um minuto para o final do segundo tempo, No campeonato das oportunidad

A(mar)

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  Onde está o amor? É possível medir através de um beijo? Ou através de um abraço? Um olhar? Amar é bom, até mesmo quando os espinhos acertam nossos dedos. Amar ainda é bom, eu sei. Já dizia o Grande Paulo, que o amor a tudo sofre, a tudo espera e tudo crê. Não há anjos sem amor, certo? Mas há quem o procure por entre esquinas vazias, por entre bocas desconhecidas ou perfumes caros, e passageiros. O tempo passa, aliás, mas o amor não. O verdadeiro amor fica, apesar das nossas vãs tentativas de fazê-lo partir, por medo, pela porta estreita. Não há como medir o amor, e não há como ter certeza de que tudo dará certo se você escolher amar, porém, ainda assim ele é intenso e profundo quanto o mar. Que eu viva um amor assim um dia, tão intenso e profundo quanto o mar.  A(mar).

Sobre o tempo...

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   O tempo não espera por ninguém, diriam os castelos agora em ruínas, ou as pirâmides cobertas pelas areias de uma antiga era. O tempo não espera por ninguém, mas esperamos por ele. Esperamos pelo tempo de nascer, pelo tempo de crescer e nos tornarmos adultos, esperamos pelo tempo de morrer. E na espera trabalhamos, amamos, nos decepcionamos e amamos novamente, seguimos em frente com nossos sonhos ou a espera deles. E mais uma vez o tempo entra com seu silêncio e sabedoria. Eu esperei, eu espero. Esperarei, talvez? Não sei, há silêncio e ruínas aqui. "Deixe-me passar", disse o tempo para mim e assim o fiz. Sei que Ele atuará com sua maestria no fim deste capítulo da vida. Da minha vida.

O que o mar me trouxe...

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Cavalgo, cavalgo Sobre esta noite fria Tenho apenas as estrelas como companhia O mar em sua calmaria E o passado que vez ou outra me domina Eu não sei dizer Porque sempre tropecei diante de meus desejos Principalmente quando envolve você Talvez sejam por causa das farpas Que meu coração fraturado ainda carrega Eu disfarço para o mundo, menos para você Que tem o dom de ver o que se passa dentro de mim Muito mais do que eu gostaria Entre nós há o silêncio repleto de palavras para serem ditas Mas que se perdem diante de minha sina Cavalgo, cavalgo E olho para o mar, peço para ele levar O que eu não consigo dizer: Que eu gosto de você. O mar trouxe, agora é com você.

Cavalo Negro

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Eu sou o cavalo negro que cavalga a beira mar A água salgada molha os meus cascos O cheio do mar invade minhas narinas Eu sinto a imensidão da liberdade Então cavalguei, meu bem, pois por ora eu não podia ficar O vibrar do chicote ainda soa em minha mente, Machuca meu coração E você é amor, é pureza Mas guarda-te enquanto eu sigo para o horizonte Eu irei voltar resplandecente Te colocarei em meus ombros e cavalgarei contigo Para onde quiseres que eu vá O fim devia ter sido assim.

A(caso)s

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Ás vezes, você tenta e luta. Segue seu coração, aceita os sinais e pula. Mas o caso do acaso parece ter mais força em certas circunstâncias da vida, E tudo fica sem sentido de repente. Os sinais de outrora tornaram-se pó, assim como o estandarte ilusório que você costumava carregar pelas avenidas do coração. São avenidas vazias agora, o estandarte foi guardado num canto empoeirado. O carnaval já passou, o caso do acaso o levou embora. Quantas páginas da nossa vida deixamos em branco, intactas, por orgulho e egoísmo?

Querido cara de amanhã...

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Querido cara de amanhã, Os invernos são diferentes agora, a neve não está mais caindo do céu e molhando a soleira das janelas, O inverno está no coração dos homens agora. Lá fora o sol aquece até demais, por dentro o vazio e a frieza predominam na alma de todos como o joio infiltrando-se por entre os campos de trigo. Muito dizem ser o caos final, que caminhamos para o fim. Mas porque eu não sinto que é verdade? Por mais irracional que seja, por mais que meus olhos veem a maldade multiplicando-se como um poderoso fungo, meu coração permanece firme, minha alma floresce cheia de borboletas a cada manhã. Querido cara de amanhã, Por que sempre nos desencontramos no final do dia? Por que meu caminho é sempre o oposto ao seu? A sereia das águas me disse para olhar o horizonte, pois a roupa branca que visto todo dia me levará adiante. Que muito me reserva no futuro, mas ela não disse sobre você, sobre nós dois seguindo uma mesma reta. Você costumava acreditar nas causas

Sobre o Vale...

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           Estávamos no alto de uma grande montanha. Abaixo, eu podia ver um rio estreito e longo serpenteando o imenso vale de árvores verdes, e antigas, eu suponho. O vento batia no meu rosto de uma forma diferente, forma esta que há muitos anos eu não conseguia mais sentir. Após tanto tempo na escuridão daquele beco, em meio à lama e aos escombros de minha raiva e ódio, tinha deixado de sentir muitas coisas e só havia pensamentos repletos de vingança.             -Qual é a sensação?- me perguntou o senhor de branco ao meu lado.             -De paz. –respondi- De uma paz que esqueci que poderia sentir novamente.             Não lembro tê-lo visto algum dia, mesmo seu rosto sendo familiar para mim. É como se eu o conhecesse de um lugar que não me lembro.             -Você passou muito tempo mergulhado no passado, Sam. Deixou a raiva e o ódio aprisionarem você naquele lugar, e não podíamos chegar até você sem que fosse sua vontade.             - O mesmo acontece com os

Notas de Rodapé

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O tempo é como um imenso livro aberto. As primeiras páginas registram os primeiros dias do Universo, Da Terra, das estrelas, dos primeiros dias da Humanidade... São páginas já amareladas e antigas, repletas de beleza e mistério. No livro do tempo há também o dia em que você nasceu, quando deu os primeiros passos, A primeira queda ou quando deu o primeiro beijo, E as vezes em que você chorou; aqueles momentos amargos, os dias nublados. Essas páginas, eu sei que você as conhece muito bem, porém, há uma nota de rodapé em todas elas, há alguém que amou seu coração machucado da melhor forma que se pode amar. Há uma nota de rodapé que fala sobre orações, sobre pensamentos de amor e ternura, sobre cura. E fala de uma Avenida perto de um rio, e de um quarto do solitário escritor a escrever estes versos, o autor que amava no silêncio. Talvez a história fosse tão densa, ou as letras eram diminutas que você não as viu. Mas a história está escrita, e as notas de rodap