LibélulaFly

Olha o lado bom, chora hoje, deixa seus olhos líquidos escorrerem toda essa maquiagem fúnebre, desenha com rímel preto um novo dia na minha camiseta. Amanhã, de rosto novo, a gente pinta uma carinha feliz e circense, e eu te levo de carro pra ver o mar. Ninguém vai perceber seu riso postiço, o mundo inteiro vai estar ocupado sorrindo com você. (Gabito Nunes)

Vindo do norte, já era possível ver a sombra do gigante. Seu caminhar era lento, como se não tivesse pressa da vitória que, mesmo longe, esbanjava já possuir. Ao meu lado os outros combatentes se preparavam. Escudos, espadas, arcos e flechas... Todos eles ajeitavam suas melhores armas e traçavam mentalmente suas estratégias de combate. Segurei meu estilingue e minhas pedras, mirei o até então, distante gigante. O que eu estou fazendo, meu Deus? Eles têm armas muito melhores que as minhas. O que eu tenho? - perguntei a mim mesmo enquanto observava os rostos dos outros. Uma brisa suave brincou com meus cabelos. E uma voz, uma doce quase imperceptível voz, alcançou meus ouvidos. Eu ouvi as palavras: Você tem a mim, David. Nós estamos juntos nisso, até o fim.   Até o fim.

- Porque continuar aqui? Porque ainda é importante para você permanecer unido a ele e na raiva?- perguntou o amigo. -Porque a raiva me dá força. - respondeu o espírito desfigurado pelo ódio. – Com ela eu posso me vingar, posso fazer a justiça. Com ela, eu sou forte.                 Após alguns segundos de silêncio, o amigo em suas vestes brancas de cetim agachou-se até aproximar-se da figura sombria, mas com os olhos marejados de lágrimas. Ele estava perto da redenção, sabia de certeza, porém, a violência ainda persistia em sua alma. -É verdade. A raiva é capaz de oferecer-nos bastante força. Mas, no fim do dia, é a força que você procura? Ou a paz?- perguntou o amigo. - O que você quer dizer com isso? - Não adianta ter a força de partir uma montanha ao meio, senão temos a paz para seguir em frente, meu irmão. Não adianta reduzir um inimigo ao pó da terra, pois em nada mudará o passado. Não precisamos mais do passado, mas sim do presente. Pois é dele que construiremos o

♪ ♫ Eu quero te roubar pra mim, eu que não sei pedir nada... ...eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua. ♪ ♫