A beira-mar





É final de tarde, e parei um pouco de frente a praia antes de ir para casa. Tirei o paletó, arregacei as mangas da camisa e tirei os sapatos. Na praia algumas pessoas caminham, outras correm, há crianças brincando na água.
Me sento na areia e olho para o Sol já se pondo no horizonte, a água do mar parece abraçá-lo com carinho após um dia de trabalho. “Talvez até o Sol precise de um abraço no final do dia...”, pensei comigo mesmo.
“O mundo hoje parece uma pintura borrada. Não sabemos o início, muito menos o fim. As certezas são confusas, a justiça antes cega aprendeu a abrir os olhos e escolher os seus, e os que desejam amar com o coração são vistos como tolos, sem razão.
“A liberdade não olha mais para os lados, não respeita mais os bens alheios. A liberdade corre em alta velocidade no seu carro de luxo, aprisiona os honestos e solta os viciados no poder e na luxúria.”
O vento passa por mim enquanto me perco nos meus pensamentos, balançando meus cabelos e sinto o cheio salgado da maresia.
“Onde estão as causas perdidas?
“Porque nos ensinaram que amar é tolice? É uma causa perdida?
“Escolhemos nos afogar por vontade própria em um mar de solidão, como se escolher alguém para segurar a nossa mão fosse um ato tolo, não há razão amar com o coração. Ao sermos magoados, esse é o nosso lema.
“Enquanto nosso mundo segue doente, histórias bonitas são deixadas de existir por esse lema tóxico que carregamos no peito.
“O mundo segue doente pedindo à Humanidade a cura. Eu sou um tolo sonhador nadando para a superfície desse mar de solidão, lutando contra a correnteza; sou um louco que procura ensinar a justiça a enxergar a multidão faminta por igualdade; eu procuro uma mão que segure a minha.
Porque até o Sol precisa de um abraço no final do dia. Até o mundo precisa de cura de uma maldade que não veem dele.”


Recomendo ouvir a música enquanto você saboreia o meu texto.

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