O Príncipe e eu... (parte 1)

             Quando eu desci a escadaria principal, vi diante dos meus olhos um dos bailes mais lindos que já vi. Todo o salão do palácio estava decorado, do teto pendiam os balaústres de cristais, o cheiro de rosas e realeza oriental. As mesas ornamentadas de em tecido de seda nas cores dourado e branco. Todos os convidados em seus trajes finos e caros, a musica tocando ao fundo.

           
             Meu vestido longo deslizava por entre as escadas, meu coração batia descompassado pelo medo de ser notada pelas pessoas da festa, e também pelo medo de ser notada por ele. Estaria eu a altura daquelas pessoas da realeza? Príncipes e princesas do oriente, magnatas árabes, CEOs americanos e brasileiros.
            Porém, meus olhos traiçoeiros na verdade o procurava. E o vi, ele estava no meio do salão dançando com a mãe. Seu terno preto, os cabelos curtos, mas que Tan os matinha rebeldes. Os olhos pretos e puxados, a face coreana e bronzeada que eu tanto amava, alto e esguio, este era o meu Kim Tan, o futuro príncipe de umas mais importantes dinastias da Coréia.


Tan deslizava com a mãe por entre os outros convidados que dançavam, ela parecia estar feliz. Tan tinha o semblante sério, impossível de penetrar em seus pensamentos. Assim que música parou e todos voltaram aos seus postos, ele me viu. Segurei me no corrimão para não cair, seus olhos negros tinham o dom de fazer tudo a minha volta girar. Ficamos assim por alguns minutos, nos olhando e pensando sobre o que fazer em seguida, Tan sorriu e seus olhos brilharam. Eu sorri também, por vê-lo mais vez, ou ultima vez antes de nos separarmos e eu retornar ao Brasil.
Muitas mulheres olhavam para ele, passavam por sua volta na esperança de chamarem sua atenção. Mas Tan olhava somente para mim, eu olhava somente para Tan. Meu Kim Tan. Meu príncipe do oriente por quem me apaixonei.

Em seus olhos, em sua mente
O amor está sendo desenhado
Mesmo se nos separarmos, mesmo se não nos vermos
Meu amor é você

Tan começou a vir na minha direção, atravessava o salão repleto de pessoas ansiosas por sua atenção que em vão contentavam-se com seu simples aceno e aperto de mão. Me mantive ali no pé da escadaria com meu vestido amarelo de cetim, meu cabelos cacheados caiam soltos em meu ombro. Ao me alcançar, Tan deslizou delicadamente seus dedos por meu rosto sustentando entre os seus dedos meus cachos.
-Você está linda, Maria.- disse ele
-Obrigada Tan.- respondi oferecendo meu sorriso.
Naquele momento eu tinha apenas o meu sorriso para lhe oferecer. O que mais podia lhe dar? Um homem rico que sempre teve de tudo, enquanto eu, uma brasileira que aventurou-se no exterior para ganhar a vida, caindo de cara em um país do outro lado do mundo. Senão fosse por minha melhor amiga, Jan-dii, não estaria ali com aquele vestido lindo e as joias que me emprestara. Jan-dii, minha amiga e irmã coreana que ofereceu-me sua casa e vida.
-Eu só preciso do seu sorriso e da sua mão segurando a minha. – disse Tan enquanto sua mão encontrava a minha.
Tan parecia ter o dom de ler meus pensamentos. No começo, isso me irritava. Me sentia desnuda com a profundidade, e sinceridade, que Tan me dirigia com seu olhar. Ele entrava em minha mente sem pedir permissão, assim como entrou em meu coração.

Espero que toda a saudade trazida pelo vento
Possa te revelar o que há em meu coração


Continua...
Música: Moment, de 2AM.


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