Baile da vida

Na natureza não há pressa.

A vida segue em meio a uma valsa lenta, totalmente entregue as leis invisíveis que a tudo molda e conserva.

Leis invisíveis do tempo.

Tempo, senhor do passado, do aqui e agora, e dono do futuro que ainda virá.

Mestre implacável que não respeita o que não ajudou a construir.

Na vida não há pressa porque não pode haver beleza sem capricho, e não existe capricho sem horas, meses e anos a fio de trabalho árduo.

E o que dizer sobre os sonhos?

O que dizer sobre o desejo que parece bailar a nossa frente para sabermos que existe, porém, se esvai sobre os nossos dedos, negando a vontade de tocar- e não poder.

O que dizer sobre as portas que se fecham? E as que nunca abriram? Ou do amor que partiu para vida lá fora ou para os braços da Indesejada das Gentes como declara meu amigo Manuel Bandeira?

“E as coisas da alma costumam ser demoradas.” Disse uma vez uma sábia Veneranda do mundo de lá para o mundo de cá.

É difícil não saber, eu sei.

O desconhecido parece ser assustador, o cansaço faz da jornada causticante onde os minutos seguem lentamente...

...quando se luta por um sonho... quando uma porta se fecha e não encontramos sequer uma janela aberta, agora.

Para o dia que você, nobre amigo de jornada, seguir errando os passos da dança da vida, não amaldiçoe o Universo por ainda não compreender a melodia e o ritmo da Mãe Natureza.

Nada que um dia inesperado te ensine a trocar os passos, nada que uma bela manhã de sol não surja em seu caminho a qualquer oportunidade.

Nunca desista do momento onde tudo fará sentido, onde cada peça do quebra-cabeça não te revelará toda a imagem que faltava para você entender o significado de toda a tua jornada, cada coisa em seu devido lugar.

Cada gosto doce do sonho realizado em sua boca sedenta há muito tempo. Cada porta escancarada para você. E o amor que virá para ficar.

Na natureza não há pressa. A vida dança uma valsa lenta e bonita. E as coisas da alma costumam ser demoradas.

Mas acontecem.