Sobre o soldado e a vela...


Quando te pedi descanso, me mostras-te um deserto a caminhar.
Ao sentir-me cansado, eras a Minha Sombra.
Mas continuavas a me conduzir pelas dunas daquele deserto de desafios.
Quando te interrogavas com barulho,
Me respondias com silencio.
Talvez, penso agora, estavas me convidando a silenciar a minha mente e aprender a ouvir.
Aprender a ouvir a Tua resposta.
Achei inúmeras vezes que já era hora de sorrir, porém, me ensinaste a chorar.
E nos momentos em que estava prestes a chorar, me arrancastes um sorriso largo de mim.
Ao pedir um Sim, me respondias com Não. E quando esperava de Ti um Não, entregavas em minhas mãos um Sim.
Quando me achava fraco, Tu me enxergava como forte.
Quando tinha medo e queria fugir, me conduzias a minha fonte de medo para enfrenta-lo.
Eu me via como um medroso, mas Tu me enxergavas como um soldado.
O Teu soldado.
Embora não te veja, sei que estais aqui.
E penso que tua morada é na contradição, e na surpresa.
Porque a beleza da vida não é saber de tudo, de reter inutilmente o controle em mãos de carne que a morte leva.
Pois todas as paisagens da vida vem e passam, nada a gente leva. Carregamos conosco diante a morte certa apenas as memorias de quem escolhemos ser sob a Tua tutela.

De ser Amor onde houver ódio.
De ser Silencio onde houver barulho.
De ser Perdão onde houver mágoas.
De ser Paz onde houver guerra.
De ser o Teu Reflexo atravessando as espessas nuvens de ignorância onde o mal prospera.

Pois se a escuridão é apenas a ausência de luz, então estais na surpresa do poder que tem a chama de uma vela.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FILOSOFIA DOS CACTOS

Sobre Amor & Libélulas

l'écriture