Metáfora do deserto...
“Até quando Deus parecia ter me abandonado,
Ele estava me vigiando. Mesmo quando Ele parecia indiferente ao meu sofrimento,
estava vigiando. E quando eu perdi toda a esperança de ser salvo, Ele me deu
descanso, e me deu um sinal para eu continuar a jornada". (As aventuras
de Pi)
Tem sido um longo tempo, um longo
tempo sobre o deserto. Sobre o silêncio, sobre a ausência, sobre a espera.
Antes eu acreditava que tinha que
correr, que quanto mais corresse mais rápido deixaria as dunas quentes e ásperas
para trás. Corri para voltar para o mesmo lugar, corri para descobrir que avançara
somente alguns passos.
Alguns passos e a minha frente quilômetros
de areias amarelas como o ouro. Ainda há caminho, ainda há dunas quentes e ásperas, ainda há silencio, ausência e espera.
Olhei abaixo e vi meus joelhos
ralados, meus pés ressequidos, senti minha boca seca e percebi o quanto correra
para estar sob o mesmo lugar.
Olhei para o céu, era noite.
E sob o tapete negro cintilante
eu vi inúmeras estrelas, talvez planetas, mas para mim estrelas de uma luz, de
uma intensidade de luz, e lembrei da viagem: O céu é como uma foto antiga, muitos daqueles corpos celestes não existem
mais, porém, a luz percorrera milhares de anos-luz até alcançar o meu campo de
visão.
É sobre a viagem, não é sobre a
pressa. É sobre a viagem e sobretudo o caminhar na direção certa, porém,
caminhar, não correr. Não avançar a passos trôpegos para lugar nenhum.
Então com o coração em paz eu
abracei o deserto, e caminhei aproveitando cada momento, cada pessoa, cada
circunstancia posta a minha frente. Caminho sem parar, sem desistir, mas sem
pressa, para não mais ferir os meus joelhos novamente, agraciando a beleza do
silêncio, do tempo e da espera.
Agora vejo as pequenas flores
silvestres, já vejo a grama verde que aos poucos vence a areia seca. Ainda não
é o oásis, ainda há mais estrada, meu coração diz.
O faço em silencio, em tempo, em
espera, em força, em coragem, em persistência, em paz, em prece.
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